terça-feira, 15 de setembro de 2015

Toscanada - Primeiro dia: cenários

Vou começar, enfim, a viagem mais sonhada de muitos casais 


Saímos de Torino às 21h e partimos para Siena de Megabus (o ônibus é super tranquilo, confortável se você for pequeno e suportável se você for grande, as vezes tem wifi e faz várias paradas para quem quiser esticar as pernas e comer alguma coisa). Chegamos às 5h da manhã e fomos recebidos com um nascer do sol laranjado e um céu lotado de passarinhos cantando loucamente, além de vários italianos já acordados preparando a cidade para o Palio com bandeirinhas. Andamos por todas aquelas ruelas e subidas enormes (pra mim), fomos ver os cavalos serem preparados, a Piazza del Campo e alguns outros pontos principais. Se eu achei Florença medieval, Siena me deixou boquiaberta!


Às 9h fomos buscar nosso carro e para minha alegria era um 500! Fiquei super animada com a ideia de rodar a Toscana com esse carrinho fofo! Partimos para Arezzo, a cidade onde foram feitas as gravações de La Vita è Bella, de Roberto Benigni, e procuramos fazer os locais das cenas principais. Depois fomos para Cortona, a cidade que a escritora Frances Mayes se apaixonou e resolveu ficar, morando na Villa Bramasole. A casa em si fica fora das muralhas da cidade e não é aquela que aparece no filme, mas não deixa de ser lindamente encantadora, acho que eu também largaria tudo e ficaria por ali se tivesse condições (:


Quase no fim do tarde chegamos em Assisi, a cidade do São Francisco de Assis, que é a delicadeza e paz em forma de pedra. Infelizmente não deu tempo de conhecer as grutas onde ele viveu se abdicando de qualquer riqueza e bem material, mas me apaixonei pela cidade, pela vista dela e pelo sentimento que me invadiu quando estive lá. E pegamos a estrada novamente para nosso último destino do dia: Ascoli Piceno, onde meus amigos Thuany e Giulliano moraram e que é tão linda que vou deixar para falar dela num post especial!


Vem com a gente conferir o resto dessa aventura!

Siena - chegada
Siena foi muito próspera durante os séculos XII e XIV, mas vivia em guerra com Florença, entrou em declínio após a Peste e logo foi dominada pelos rivais. A cidade parou no tempo e para mim, a melhor coisa a se fazer por lá é ficar andando pelas ruas e descobrindo as paisagens entre elas, mas prepare as pernas porque ela foi construída em cima de um monte e é toooda inclinada.

Dá pra ver os passarinhos no céu? Foi o melhor que eu consegui /:



Se você chegar pela Via Bianchi di Sopra, vai encontrar uma praça pequena com um edifício importante: o Palazzo Salimbeni, que é a sede do banco Monte dei Paschi di Siena e um museu de arte. Se continuar subindo por essa rua principal, logo estará na Piazza del Campo, ela estava sendo preparada para o Palio  (uma corrida de cavalos muito famosa que acontece todo dia 02 de julho e 16 de agosto desde os anos medievais e que chama a atenção de centenas de turistas. É uma disputa entre 10 dos 17 "bairros" da cidade, então a população inteira fica eufórica, organizam a cidade de acordo com os temas do ano e andam com suas bandeiras amarradas no pescoço, e não é raro você encontrar as pessoas com vestes da Idade Média, um evento único!) então continuamos para a Loggia della Mercanzia, onde os cavalos estavam chegando e ficamos um tempo curtindo a paisagem dos campos da Toscana que dá facilmente para ver de lá. 



Piazza del Campo: ela tem um formato de leque com 9 raios inclinados para o palácio, representando o conselho dos 9 (grupo que governava Siena), data o século XII e é o ponto principal da cidade até hoje. O Palazzo Publico, no centro da foto, é a prefeitura e possui uma torre de sino com 102m, a Torre del Mangia. Além delas, a Fontana Gaia também ganha muita atenção com suas representações de Adão, Eva, Maria e Jesus do século XIX.


Vistas da Mercanzia

Como toda cidade da Itália, não dá pra deixar de fora as igrejas e catedrais. O Battisterio é lindo, todo desenhado com mármore rosa e preto e depois da escadaria gigante da frente tem o Duomo, construído no século XII de arquitetura gótica-romana e sua grandiosidade da época quase o colocou na posição de maior igreja cristã. Para entrar é necessário pagar, então não fomos, mas os relatos das esculturas e o piso em mosaico, além da nave inacabada, são sempre muito elogiosos. 
A Basilica San Domenico é outra atração religiosa, e que eu achei mais linda olhando de longe e comparando todo seu tamanho com o entorno. Ela tem uma relíquia inusitada: a cabeça de Santa Catarina (enquanto o corpo está em Roma).

Duomo

San Domenico

1. O bairro do pato já preparado para a festa | 2. Duomo ao fundo, se camuflando entre as residências.


Nesse primeiro meio dia em Siena tínhamos só 4 horas e algumas malas para carregar, então dividimos a cidade em duas para ver o restante na volta, depois da entrega do carro. E então pegamos estrada por entre essas paisagens...




Arezzo

Arezzo é da época paleolítica e se tornou muito importante nos primeiros séculos a.C. graças a sua posição estratégica, mas na Idade Média passou a ser domínio de Florença e assim permaneceu. Mas guarda sua essência e é cheia de museus com relíquias que marcaram sua história.
Chegamos na cidade com aquela movimentação de hora de almoço! Subimos tudo até chegar no Duomo, famoso pelos vitrais que impressionam do século XVI e que tem um jardim público (Passagio del Prato) atrás com vistas incríveis dos campos e da Fortezza Medicea. De lá, qualquer lugar converge para a Piazza Grande, onde o Guido e a Dora viveram algumas cenas em La Vita è Bella.

Duomo

Jardim externo



Piazza Grande: rodeada de edifícios medievais e barrocos, é bastante inclinada e é o centro da cidade, onde tudo acontece, desde a feira de antiguidades até a Giostra del Saratino, um torneio medieval com jogos de bandeira e lanças, que assim como o Palio de Siena, movimenta a região.

A Chiesa Santa Maria della Pieve é a construção mais grandiosa da piazza e entre as outras atrações estão o Palazzo dai Laici e a Casa di Vasari, que pertenceu ao artista em 1540.

A Chiesa di San Francesco guarda muitos afrescos italianos antiguíssimos contando a história da crucificação de Jesus (para visitar precisa reservar com antecedência neste site).
Para conhecer todas as outras atrações, indico o blog Passeios na Toscana, pois nós focamos apenas nos cenários das cenas mais importantes do filme.


Se quiserem também seguir os passos do Guido, vejam esse roteiro das das cenas do filme!



Cortona

Nós não chegamos a entrar na cidade toda murada do Val D'Orcia porque na verdade era fora do nosso roteiro, e fora de mão também. O motivo de termos ido até lá mesmo assim era conhecer a Villa Bramasole, casa da escritora do clássico Sob Sol na Toscana.
Me apaixonei pelo filme, pelas cenas, pela história, por ela e pela casa e quis ir lá pessoalmente ver como era tudo. Não é a villa do filme, mas é um casarão imerso num cenário lindo e tenho certeza que ela conseguiu a vida calma que procurava, tanto que é a residência de verão de verdade dela e o local onde ela se inspira para escrever os outros livros (Bella Toscana, Todos os dias na Toscana).
Quer uma notícia boa? A casa usada nas filmagens do filme está disponível para alugar! Oliver, partiu?




A verdadeira Bramasolle (veja mais fotos da casa aqui, vale a pena)
A casa do filme você pode visitar por aqui


1. Você consegue encontrar o casal? | 2. Chiesa Santa Maria delle Grazie al Calcinaio


Apesar de não termos entrado, dá pra fazer a mesma coisa que fizemos em Arezzo: procurar os locais das cenas do filme e visitá-los. Ela fica há 600m morro acima e para chegar se prepare para umas boas curvas na estrada apelidada carinhosamente de Valdichiana. Para chegar na Bramasolle você deve continuar as curvas depois da entrada da cidade, não tem muito como se perder quando se está no topo de um morro, haha! 

Assisi

Chegando ao nosso último destino dia: terra de São Francisco de Assis! Ela fica na Umbria, mas Itália é aquela coisa né? Não importa aonde estiver, vai estar rodeado de paisagens bonitas (e boa gastronomia!). Em Assisi tudo gira em torno do santo protetor dos animais e de Santa Clara, mas não precisa ser religioso para visitar e aproveitar um dia gostoso, pois a cidade medieval é bem preservada e tem uma localização privilegiada ao estar encostada num morro de frente para planícies e campos de girassol.



Não sei se gostei tanto da história de São Francisco* ou se a cidade tem isso mesmo, mas senti uma paz e tranquilidade singular ali. Me apaixonei pela forma com que a cidade é cuidada e bem preservada, além de fotogênica e como mesmo estando cheia de turistas (é um centro de peregrinação) parecia super calma. 

* Francisco Bernardone era de uma família rica de comerciantes e viveu o começo da vida cercado de luxos e boemias até completar 18 anos e entrar para as milícias combatendo numa batalha contra os perugios onde acabou ficando prisioneiro por um ano. Foi aos 23 anos que a crise espiritual apareceu, ele abandonou todo o conforto e passa a  dedicar sua vida  aos doentes e aos pobres. Chegou a usar seus bens para reconstruir a igrejinha de São Damião, mas após isso seu pai o deserdou e ele entrou para uma vida de absoluta simplicidade e humildade. Sua bondade e ternura era notável com qualquer ser vivo, tratando todos como irmãos e igualdade, inclusive os animais, sendo hoje o patrono dos bichinhos.
Francisco faleceu devido a estigmas que apareceram em seu corpo, sendo sua grande fonte de fraqueza física que o levou aos céus dois anos após a primeira ferida aparecer. Em 1939 o Papa Pio XII o reconheceu como o mais italiano dos santos e mais santo dos italianos e então padroeiro do país.



Meus objetivos ali era visitar a Basílica, a Rocca (fortaleza) que fica acima da cidade e as grutas onde ele viveu, mas as duas segundas já estavam fechadas então visitamos só a igreja mesmo, mas nesse post do Itália para mãos de vaca tem descrito as várias igrejinhas e museus que podem ser visitados.
Tem uma igreja em especial que eu indico pela sua história e significados: A Porciúncula. Fica no pé do morro, fora da cidade, essa igrejinha fica dentro da Basílica Santa Maria dos Anjos que a protege e a venera. É o local mais importante da ordem dos Franciscanos, foi onde São Francisco faleceu, apesar de não ser ali que ficam seus restos mortais e dizem que sempre tem passarinhos morando ali, relembrando seu amor aos animais.



A Basílica de São Francisco, linda por fora e gigante por dentro (dividida em 3 partes), é gratuita e preserva o corpo do santo. Passamos algum tempo lá dentro olhando os afrescos e passeando pelas naves, mas é proibido tirar fotos.




Nos despedimos da Umbria com esse por do Sol...
Próxima parada: Ascoli Piceno

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 PS: Minhas fotos são tiradas de uma Nikon P510 e algumas com o Moto X câmera de 10Mp, e a grande maioria não possui filtro nenhum. Sou fã de fotografia e gosto de ver os resultados como eles saem da máquina, aproveitando o máximo que ela pode me oferecer! 
PS 2: Agora divido, além dos meus dias, também minha máquina com o Oliver, que tira fotos incríveis e eu não posso deixar a parceria de fora!

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