quinta-feira, 27 de julho de 2017

Relembrando a Toscana

Oi!
Depois de um tempão sumida, venho com uma viagem daquelas maravilhosas, regada de vinho e muita comida italiana! Fomos para a Serra Gaúcha conhecer os vinhedos de Bento Gonçalves, e já adianto: super recomendo o passeio, seja em casal, em família, em amigos ou até mesmo sozinho!

Sobre a região

"Quando se trata de enoturismo, poucos lugares no mundo tem tanto a oferecer quanto o Vale dos Vinhedos" está na primeira página do Guia Turístico do lugar, e realmente não dá pra economizar elogios. A melhor época do ano pra visitar é entre janeiro e março, a época da vindima (colheita), quando todas as parreiras estão verdinhas, lotadas de uva e aquele calor gostoso de verão; e mesmo tendo visitado em pleno inverno, com a boca rachada, poucos tons de verde, parreiras sem nenhuma folha quem dirá frutos, mesmo assim achamos o lugar maravilhoso! - Mas lógico que já estamos marcando de voltar em janeiro e amar mais ainda! Vou arriscar dizer que é a Toscana brasileira, só aquecer o coração de saber que dá pra matar a saudade mais rapidinho 
Parecendo Toscana ou não, a Serra Gaúcha é a melhor opção para apreciar a alta gastronomia e vinhos de qualidade em restaurantes e vinícolas que são referência nacional, com uma super infraestrutura turística e uma paisagem de morros, colinas, vales e rios.

Resultado de imagem para vale dos vinhedos
Foto para instigar a ida no verão. Fonte


Como chegar e quantos dias ficar?

Três cidades formam o Vale dos Vinhedos: Garibaldi, Bento Gonçalves e Monte Belo do Sul, e a melhor forma de conhecer a região é de carro, pela liberdade de passear entre as vinícolas e desbravar a região no seu próprio ritmo. 
De carro saindo de Porto Alegre pegue RS-122 até Bento Gonçalves, são cerca de 120km. Saindo de Gramado pegue a RS-235, são 110km. A cidade mais próxima com aeroporto, além de POA, é Caxias do Sul, que fica há 44km de distância.
Nós ficamos apenas o final de semana e foi um tempo super bom para conhecer o lugar, mas são quase 30 vinícolas, então quanto mais tempo puder ficar, melhor. Sem esquecer que há apenas 2h de distância está Gramado e Canela, que seria uma boa pedida pra "fechar o pacote".

Nosso roteiro

Começamos na Chandon do Brasil (1), em Garibaldi. Seguimos para a Estrada da Vindima (do Vinho) visitar a Queijaria Valbrenta, o restaurante Sabores do Vale (2) e a Cave de Pedra (3). Na Via Trento visitamos a Casa Valduga (4), Casa Madeira, Jardim Leopoldina (5) e a Vinícola Larentis (6). No fim ainda passamos no Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves. O mapa do roteiro está aqui!
Mapa oficial do Vale dos Vinhedos, sem as marcações, aqui

Quero fazer um post especial só para as 04 vinícolas que visitamos, para explicar melhor os produtos deles e as curiosidades que aprendemos nos passeios guiados, para esse aqui não ficar um post muito longo. Vai aparecer na sequência, fica de olho!

Os vinhos e a degustação

"As águas separam os povos do mundo, o vinho os une" - Anônimo
Minha história com o vinho começou no intercâmbio para a Itália, antes eu não tinha paladar para apreciar a bebida, tinha a ideia de que não era uma bebida pra mim, não entendia nada daqueles nomes difíceis e não sabia como diferenciar uma coisa da outra. E muita gente pensa assim mesmo depois de adulto, seja por medo ou vergonha de não saber escolher um rótulo adequado, ou por se sentir desconfortável por não saber apreciar, ou ainda por pensar que são finesse os rituais acerca do vinho. Mas a verdade é que as regras que regem a degustação é para torná-la ainda mais agradável, além de ajudar na harmonização com a comida, mas podem ser facilmente compreendidas em visitações guiadas, cursos, livros e na própria Internet, para finalmente, desmitificar a degustação da bebida mágica e tornar esse prazer acessível a todos. 
Para ajudar, baseada nos livros "Degustação" e "L'uva nel bicchiere"*, eu conto um pouquinho sobre os tipos de vinhos e as tais regras da degustação:
* Degustação, de Eduarda D'Agostini, Jylson C. Carvalho e Rodrigo W. Drum - editora Boccati 1a. edição; L'uva nel Bicchiere - Guida Gaia ai Segreti del Vino, de Teresa Severini Zaganelli - editora Gribaudo 1a. edição.

Os vinhos

- Os vinhos são diferenciados entre si pela sua coloração:
Vinhos brancos: são elaborados ou com uvas brancas ou com uvas tintas sem casca.
Vinhos tintos: são elaborados com uvas tintas com casca, e em alguns casos podem ser misturados tipos de uvas brancas, para equilibrar alguma característica.
Vinhos rosé: são elaborados ou pela mistura de uvas tintas e brancas ou apenas com uvas tintas, mas com um curto período de tempo com as cascas.

Resultado de imagem para vinho tinto rose e branco
Vinho branco, rosé e tinto. Fonte
- Pela sua composição:
Varietais: são os vinhos compostos majoritariamente (mínimo 75%) pela uva que lhe deu origem.
Assemblage (ou corte, ou blend): mistura de duas ou mais uvas, conforme a alquimia do enólogo.
- Pela presença de gás carbônico:
Espumantes naturais: o CO2 é produzido por fermentação alcoólica das leveduras, com alta pressão.
Espumantes artificiais (frisantes): o CO2 é adicionado à bebida e a pressão é menor.
Os espumantes passam por duas fermentações na sua fabricação, na primeira tem-se o vinho tranquilo e na segunda são adicionados leveduras e açúcar. 
- Pela adição de álcool:
Vinhos fortificados: quando é adicionado álcool na fermentação, seja parcial ou total. 
Mistela: quando o álcool é adicionado ao mosto, sem fermentação.
- Pela presença de açúcar:
Vinhos doces: quando uma parte do açúcar presente no mosto não se transforma em álcool. As técnicas são diversas, como interromper a fermentação, adição de fungos que desidratam a baga da uva, pela colheita tardia das uvas ou ainda pela colheita a -7°C. 
Vinhos licorosos: são mais alcoólicos do que os vinhos de mesa, doces ou secos, geralmente entre 15% e 20% de teor alcoólico.
- Pela passagem em madeira e nomenclatura:
Vinhos jovens: não passam por madeira, e devem ser consumidos em poucos anos após sua safra.
Vinhos reserva e gran reserva: esse título é uma classificação que muda de país para país de acordo com a legislação, mas diz respeito ao tempo do envelhecimento do vinho em barricas de carvalho. No Brasil não há uma legislação específica para essa classificação, então os termos são aplicados de acordo com o produtor para mostrar uma escala crescente de qualidade, sendo os de Reserva geralmente entre 2 a 8 meses em barrica, e os Gran Reserva entre 10 a 18 meses.
Vinhos reservados: Eles não passam por madeira, são produzidos em larga escala e são prontos para consumo, ou seja, são os vinhos jovens. É uma denominação chilena para o vinho jovem, mas como no Brasil não tem a legislação de classificação, os produtores usam essa denominação para seus vinhos de "menor qualidade" (em relação aos vinhos mais finos e envelhecidos), de larga escala. É uma denominação que se aproveita da falta de conhecimento do consumidor e confunde muita gente.

A degustação

Nossos 05 sentidos são ativados quando o vinho é degustado e a percepção muda de pessoa pra pessoa a partir das suas condições, da sua biblioteca olfativa, das suas experiências... Essa singularidade deve ser respeitada, e qualquer pessoa pode (e deve) fazer sua análise de degustação para aprimorar seus padrões e ser feliz, livre, leve e solto bebendo vinho por aí! Nas nossas visitas experimentávamos o mesmo vinho na mesma hora e cada um de nós sentia um aroma e sabor diferente do outro, acho isso sensacional! 
- Exame visual:
Limpidez: verificar se há resíduos no vinho é importante , pois indica que o vinho está deteriorando.
Transparência: estar turvo também indica deterioração da bebida.
Viscosidade (ou lágrimas): quanto mais lágrimas, mais denso é o vinho, e geralmente mais alcoólico. A ideia das lágrimas estar associada à qualidade do vinho divide a opinião dos enólogos.
Brilho: quanto mais intenso o brilho, maior a qualidade do vinho.
Gás (ou perlage): característica dos espumantes, e em menor intensidade nos frisantes.
Cor: o tempo de vida do vinho é um fator relevante para sua cor, pois os tintos vão ficando alaranjados e os brancos mais esverdeados a medida que envelhecem. Também está relacionada com seu estado de conservação.
- Exame olfativo:
Aqui entra a parte singular de cada pessoa, de acordo com suas experiências. Mesmo que alguém diga que tal vinho tem aroma de cerejas, você não é obrigado a senti-lo para poder apreciá-lo. Se você provar e gostar, é o que importa, dentro do seu padrão você irá distinguir se os aromas são agradáveis ou não. Também é importante verificar o aroma desagradável, distinguir se é desagradável por gosto pessoal ou se está deteriorado/ mal feito/ de má qualidade.
Aromas primários: típicos de vinhos jovens, são os aromas produzidos pela própria uva, trazendo aromas de frutas, legumes ou ervas, que são mais perceptíveis de serem identificados.
Aromas secundários: aqueles que surgem depois que o vinho reage ao ambiente, são provenientes dos métodos de vinificação, como o cheiro da madeira, que veio dos barris onde foi envelhecido. Uma dica legal é cheirar o vinho assim que coloca na taça, mexer ele e cheirar de novo, pra sentir a diferença dos seus aromas primários e secundários.
Aromas terciários: aqueles que vem com o envelhecimento do vinho, são muito mais sutis e difíceis de serem identificados. A soma dos aromas terciários e secundários é chamada de bouquet do vinho.
- Exame gustativo:
Sabores: ao degustar um vinho, indica-se girar em todo interior da boca, para ativar todas as regiões gustativas da língua (ácido, amargo, doce e salgado). Um bom vinho deve ter um sabor agradável e compatível com seu tipo (um vinho seco não deve ter sabor doce, por exemplo).
- Tato:
Adstringência: a ação dos taninos, que lembra a sensação de comer uma banana verde.
Corpo: os vinhos encorpados preenchem a boca, já os aguados são vinhos mais magros e de "pouco corpo".
Gás Carbônico: característica dos frisantes e espumantes. Quanto mais sutil são as bolhas (perlage), maior a qualidade do espumante.
Teor alcoólico: quanto mais alcoólico, mais quente a boca fica. 
Persistência: é o tempo de duração do sabor do vinho. 0-3seg são vinhos inferiores ou curtos, de 4-7seg são vinhos médios e mais que 8 seg são vinhos longos.
- Audição:
Dizem que esse sentido tem um papel fundamental na degustação pois desperta os demais sentidos a partir do espocar da rolha, do líquido caindo dentro da taça e ainda com o "tim tim" do brindar!


Esperamos ter ajudado um pouquinho a entender algumas coisas básicas dos vinhos!
Até o próximo post, um beijo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Hey! Obrigada por seu comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...